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Meditação – Marcos 5, 17

“Então o povo começou a suplicar a Jesus que saísse do território deles.” Marcos 5, 17

 

Nas andanças de Jesus, durante o seu ministério, muitas foram as ocasiões em que ele se deparou com doentes, aleijados e possessos. Em quase todos os casos, Jesus restaurou a dignidade humana deles, integrando-os novamente na sociedade, pela superação de preconceitos ligados à impureza e da doença como punição de Deus.

No texto de nossa meditação de hoje, Jesus se descolou até a terra dos gerasenos, que fica a leste do mar da Galileia e do rio Jordão. Era uma terra habitada majoritariamente por não judeus, ou pagãos, que tinham seus costumes e sua cultura diferenciada da de Jesus e seus seguidores.

Logo na chegada de Jesus, surge uma pessoa descrita como habitada por um espírito imundo. Ele era bem conhecido dos gerasenos, e apresentava algumas características particulares: vivia no cemitério, se feria com frequência e tinha uma força descomunal.

O próprio texto nos informa que essa força vinha não de um, mas de muitos espíritos maus, que se apresentaram como legião ou multidão, quando questionados por Jesus. De fato, esses espíritos reconhecem prontamente a autoridade de Jesus, ao perguntarem “Que queres comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te por Deus que não me atormentes!” (v.7). Essa reação ocorreu porque Jesus havia mandado os espíritos saírem daquele homem.

Novamente encontramos Jesus restaurando a vida e a sanidade de uma pessoa. Algo bom, sem dúvida. Mas, se era algo bom, porque aquelas pessoas vão pedir que Jesus abandone seu território? Por que rejeitar alguém que praticou o bem e trouxe vida abundante para uma pessoa dominada por espíritos maus?

Podemos perceber pelo menos duas razões para isso: Primeiro, Jesus age contrariando o estilo de vida deles. Um estrangeiro que age com tamanho poder não podia ser bem recebido. Aquele homem era conhecido e, talvez, até uma personagem folclórica da região. Agora estava em seu juízo perfeito e calmo. Jesus havia mudado a realidade do homem, mas também da cultura local e muitos não tinham gostado.

O segundo motivo é que, entre a dignidade de uma pessoa e o prejuízo com os porcos que foram mortos por receberem a legião de espíritos, pesou mais a perda do rebanho. E é sempre assim: quando alguém se vê afetado em seus bens, as outras pessoas perdem a sua importância!

Agiram no sentido contrário daquilo que Jesus havia afirmado em Mc.8,35: “quem põe os seus próprios interesses em primeiro lugar nunca terá a vida verdadeira; mas quem esquece a si mesmo por minha causa e por causa do evangelho terá a vida verdadeira.”. Os interesses próprios sempre serão um empecilho para receber as boas novas do Reino de Deus. Porém, como o próprio Jesus afirmou, “o que adianta alguém ganhar o mundo inteiro, mas perder a vida verdadeira? (Mc.8,36).

Para pensar: “A vida real do ser humano consiste em ser feliz, principalmente por estar sempre na esperança de sê-lo muito em breve” Edgar Allan Poe.