“E também nos alegramos nos sofrimentos, pois sabemos que os sofrimentos produzem a paciência, a paciência traz a aprovação de Deus, e essa aprovação cria a esperança.” Romanos 5, 3 – 4
Há um ditado que diz que todo tradutor é um traidor. Isso acontece porque há palavras e expressões próprias dos idiomas que não podem ser compreendidas apenas com a simples substituição no outro idioma. É o caso da palavra saudade, por exemplo, comum para o brasileiro, mas inexistente com o mesmo significado em outras línguas.
No texto de nossa reflexão de hoje acontece isso também. A palavra traduzida como aprovação de Deus, que seria fruto da paciência, tem um significado muito próprio. Mesmo que usássemos outras traduções, que trazem a palavra experiência, ou a expressão virtude comprovada, não teríamos o sentido da palavra grega.
A palavra usada nesse texto tem o seguinte sentido: o ourives, que é quem trabalha com metais nobres como prata e ouro, coloca esse material em um recipiente chamado cadinho, que resiste a altas temperaturas, e começa a derreter esse metal nobre com o fogo de um maçarico. Na medida em que o metal vai sendo derretido, as impurezas sobem e ficam na superfície do metal já líquido e, assim, o ourives retira aquelas impurezas, deixando apenas o metal puro.
Esse é o sentido da palavra. É isso que a paciência produz na vida do que crê. Uma vida agora purificada das impurezas, limpa de tudo o que desvaloriza o metal nobre. Como você traduziria essa palavra? Aprovação de Deus? Experiência? Virtude comprovada? Qualquer que seja a opção, fica claro que é impossível abarcar todo o sentido da palavra original. Por isso todo tradutor desse versículo será um traidor do seu sentido, porque não há palavra em nosso idioma que abarque todo esse significado.
Pensando em seu sentido para nós, podemos ser gratos a Deus porque ele, como ourives divino, age em nossas vidas, purificando aquilo que precisa ser limpo; livrando nossa vida do que não deve estar presente; dando a cada um de nós uma vida renovada por meio do Espírito Santo.
E lembre-se: é o sofrimento que produz a paciência, e é a paciência que produz essa realidade que acabamos de descrever. Portanto, apesar de ninguém gostar de sofrimento, ele sempre tem um objetivo para o crescimento de quem crê. E o melhor é que a Escritura afirma que o choro pode durar até o anoitecer, mas a alegria vem ao amanhecer (Sl.30,5), ou seja, o sofrimento não é permanente. Quem bom que Deus nos dá tanto um quanto o outro!
Para pensar: Como você entende as dificuldades que enfrenta no dia-a-dia? Como pode perceber que Deus continua no controle de todas as coisas quando tudo parece estar caótico?