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Meditação – Salmo 25, 14

Senhor confia os seus segredos aos que o temem, e os leva a conhecer a sua aliança.” Salmo 25, 14 

A tradução mais antiga deste versículo, na Bíblia Revista e Atualizada, trazia a afirmação de que a intimidade do Senhor é para o que o temem. A ideia de intimidade traz embutida uma compreensão de proximidade, de convivência em longo prazo. Ninguém pode dizer que tem intimidade com alguma pessoa que acaba de conhecer. Se assim disser, com certeza, ninguém acreditaria.

Antigamente se dizia que para conhecer alguém, devíamos comer um saco de sal com ela. O ditado aponta para uma convivência longa, uma vez que, como todos sabem, a quantidade de sal utilizada em qualquer prato é bastante pequena. Na maioria dos casos, só se usa uma pitada. Assim, se para conhecer alguém temos de comer um saco de sal com ela, vai levar um tempo enorme para que isso aconteça.  

Se tomarmos a tradução mais atual, que traz a afirmação de que Deus confia os seus segredos aos que o temem, o sentido não é alterado. Da mesma forma que não adquirimos intimidade com alguém que acabamos de conhecer, também não compartilhamos nossos segredos com quem não é muito próximo e de confiança. Podemos dizer que é um tipo ainda mais restrito de intimidade, que supera apenas a convivência e exige um certo grau de cumplicidade. Confiamos nossos segredos a quem sabemos que não os contará aos quatro ventos.

Nesse texto, o salmista afirma que Deus confia os segredos dele aos que o temem. Não se trata aqui de ter medo dele. Temor tem o significado de ter consciência de quem somos e de quem é Deus. De sabermos que não somos iguais. De que não somos deuses. E de que ele não é como nós. De que há uma distância enorme que nos separa. Foi essa falta de consciência que levou Adão a acreditar que poderia ser igual a Deus (Gn.3,5). Esse sim é o primeiro pecado da humanidade: não querer ser humano e querer ser como Deus. 

O seguidor de Jesus Cristo, que tem o temor exigido nesse texto, cultivará um relacionamento permanente com Deus, buscando uma convivência tal que possa conhecer seus segredos, saber sua vontade e caminhar de maneira que o agrade. Paulo, em 1Co.2,10, afirma que foi a nós, os que creem, que Deus revelou o seu segredo, por meio do seu Espírito. E é em sua aliança firmada em Jesus Cristo que esse segredo é revelado. De fato, Deus em toda a sua sabedoria e entendimento, fez o que havia resolvido e nos revelou o plano secreto que tinha decidido realizar por meio de Cristo (Ef.1,9). É na nossa união com Cristo que temos comunhão com Deus e somos feitos seu povo. Essa é a nova aliança prometida pelos profetas do AT. Sem Cristo, não há intimidade com Deus. 

Para pensar: Que tipo de relacionamento você cultiva com Deus? Você diria que há uma cumplicidade tal que ele pode confiar seus segredos a você? E você, em suas orações, revela seus segredos para ele?